Assinalando o 38º aniversário da fundação do Panathlon Clube de Lisboa (a 17 de dezembro de 1979), decorreu no Hotel Real Palácio, em Lisboa, no passado dia 17 de dezembro, uma sessão comemorativa e um jantar de confraternização para os sócios e convidados, que juntou mais de meia centena de convivas.
No seu discurso (que se pode ler na íntegra na peça ao lado), o presidente do Panathlon Clube de Lisboa, Manuel Brito, depois de recordar algumas das atividades mais relevantes do PCL ao longo deste ano (dois seminários internacionais com o apoio do Comité Olímpico de Portugal, uma representação num evento internacional e as sessões regulares mensais), destacou o facto de o clube ser “um espaço livre e democrático”, que convida especialistas de múltiplas áreas para abordar temas relacionados com a atividade desportiva, os seus problemas e os valores que veicula. Não obstante, o presidente do PCL sublinhou que estas discussões, “sendo absolutamente apartidárias não são, todavia, apolíticas”, pelo que o clube se assume como “um lugar único no movimento associativo para o aprofundamento” da causa do Desporto “como um direito de todos os cidadãos, marcado pelo respeito dos valores éticos e pelos princípios do olimpismo”.
Constatando que “o desporto nacional não está bem” e que “merecia melhor atenção por parte do poder político” (ao contrário do “papel progressivamente menor” que lhe é concedido, como parece revelar a junção da Juventude e do Desporto num único organismo governamental), Manuel Brito insurgiu-se contra o facto de “ao longo de mais de quarenta anos nunca tivemos um plano estratégico e que envolvesse os diversos subsistemas do Desporto nacional”, recordando que o PCL, desde a sua fundação, defende “um modelo desportivo participado, integrado e integrador”. Do mesmo modo, verberou a não existência há mais de 20 anos de uma Carta Desportiva Nacional atualizada e de outros estudos que permitam conhecer a realidade. Depois de passar em revista outras insuficiências detetadas no modelo da gestão pública do Desporto, Manuel Brito desafiou o movimento associativo e as entidades da sociedade civil ligadas ao fenómeno desportivo para se lançar um Congresso nacional do Desporto, manifestando a intenção e disponibilidade do Panathlon Clube para “fazer parte integrante deste processo, que desejamos seja aberto e participado”, concluindo com o lema do clube: “Ludis Iungit (Unidos pelo Desporto)”.
Presente na sessão, o presidente internacional do Panathlon Clube, Pierre Zapelli, confidenciou ter “aprendido imenso” durante o seminário da tarde que antecedeu esta sessão (ler peça sobre o Seminário Internacional Match Fixing”), agradecendo a Manuel Brito o “bom trabalho e o encorajamento”. Em seguida, recordou a criação do movimento panatlético em Itália, em 1951, com o objetivo de “promover a ética desportiva a nível internacional”. Presente em mais de duas dezenas de países, numa rede integrada por cerca de 300 clubes e milhares de associados, o movimento cumpre hoje a sua função de, “face às ameaças atuais que pairam sobre o mundo e são motivo de preocupação, revelar a capacidade de inspiração do Desporto, que tem um futuro único”. Assim, sublinhou o responsável internacional, importa que “sejamos ativos no terreno, com as pessoas, os jovens, na procura dos valores inerentes aos ideais desportivos”. Para melhor se concretizar estes objetivos, Zapelli anunciou estar em curso a abertura de uma nova delegação da sede do Panathlon em Bruxelas, de modo a se desenvolver o trabalho com as instâncias e organizações da União Europeia, oferecendo renovada “capacidade de promover os ideais desportivos”.
Vítor Pataco, em representação do Secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, agradeceu o convite e registou ter “tomado boa nota” das palavras do presidente do PCL no seu discurso, agradecendo também a “jornada extraordinária que vivemos no Seminário realizado hoje à tarde, com intervenções de valor acrescentado”.
Nesta sessão comemorativa houve ainda lugar para a assinatura do Compromisso de Honra dos novos associados e para a entrega de prémios, como o “Prémio Luís Caldas – Fair Play” e o “Prémio Mário Simas – Assiduidade”. O mais importante, o “Prémio Panathlon Clube de Lisboa 2017” veio a ser outorgado ao homem que, nas palavras do vice presidente José Esteves, “em bora pouco conhecido, se destacou durante 50 anos na divulgação da sua modalidade, o andebol” – Rui Miguel Nascimento Coelho. O premiado agradeceu “esta enorme honra”, referindo que “o que interessa é o presente e o futuro, onde o Desporto é um meio e não um fim, numa visão social com as pessoas no centro de tudo”. Rui Coelho recordou o início do seu percurso, no Liceu Passos Manuel, nos anos 60, quando, com outros jovens estudantes, decidiram jogar andebol e “querer construir o futuro, livres e sem tutelas”, na criação coletiva e participada de um “Desporto para todos, em democracia, rigor e transparência” e que fazem hoje dele “um cidadão do mundo, sem barreiras”.
Já depois do soprar das velas do bolo de aniversário do Panathlon Clube – onde os atuais dirigentes contaram com a “ajuda” dos antigos presidentes do PCL, Maria Emília Azinhais e generais João Mariz Fernandes e Rodolfo Begonha (com este último a manifestar a sua opinião de que “a orientação seguida pela atual direção é correta”) – o médico António Vasconcelos Tavares, professor emérito e ex-vice-reitor da Universidade de Lisboa e antigo dirigente desportivo do automobilismo (incluindo o Conselho Mundial do Desporto Automóvel da FIA), proferiu uma alocução sobre ética deontológica e ética desportiva, lembrando que “cabe ao Estado criar medidas para a prática desportiva dos cidadãos” e que “o espírito desportivo deve ser construído sobre valores, veiculando a ética da sociedade, com os valores da liberdade, da amizade, do convívio e do respeito”.
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