Muita investigação e desenvolvimento dos processos tecnológicos estão na origem de muita da roupa desportiva que usamos. O que a grande maioria ignora é como esses processos são concebidos, estudados, experimentados e utilizados inicialmente na melhoria da performance dos atletas de alta competição. Foi o que Hélder Rosendo, um engenheiro têxtil e investigador na área da produção de tecidos e materiais inovadores para desporto, explicou à audiência presente na sessão mensal do Panatlhon Clube, que teve lugar no dia 17 de maio.
Após o habitual jantar mensal dos sócios do clube, a Sala dos Troféus do Ginásio Clube Português abriu-se uma vez mais para a audiência interessada nos temas do desporto. Nesta sessão, brilhou o saber tecnológico, exposto pela voz de quem há muitos anos investiga, na academia e nas empresas têxteis, fibras e outros materiais para confecção de roupa desportiva. Esta é “a segunda pele do atleta”, explicou Hélder Rosendo. Antes de as grandes marcas deste tipo de vestuário colocarem a no mercado para todos nós, praticantes ou usuários no lazer, esteve todo um processo de inovação tecnológica desenvolvida em centros de investigação ou nas empresas industriais que produzem as fibras e outros materiais compósitos, inicialmente destinados equipar os atletas de alta competição, tendo em vista a melhoria da sua performance desportiva.
É uma indústria em crescimento, com as dez principais marcas de roupa desportiva (as global brands) a movimentarem 185 mil milhões de dólares anualmente, com uma área de negócio que envolve não só o vestuário para alta performance que equipa os atletas de competição, mas também roupa de fitness para senhora, para prática física ao ar livre e artigos de merchandising.
Contudo, poucos conhecem como as tecnologias experimentais contribuem para o produto final. Hélder Rosendo, com vasta experiência nesta área, explicou, por exemplo, como o scanning corporal, a duas e três dimensões, ou a utilização de sensores na roupa de atletas de competição para melhorar o conhecimento dos movimentos e posturas, ajudam a investigação industrial a desenvolver os processos de tecnologia produtiva. Proteção térmica, compressão graduada do vestuário de modo adequado a determinada prática física, recuperação elástica dos materiais, repelência à água (hidrofobia) em simultâneo com respirabilidade das fibras face à evapotranspiração, gestão da humidade, leveza e engenharia do peso, resiliência à fadiga do material, estrutura e densidade dos tecidos, confecção adequada de costuras, colagem ou sobreposição de materiais de tipos de fibras têxteis diversas, são alguns dos campos desta investigação e experimentação tecnológica.
No final, a assistência saiu a conhecer muito mais sobre esta inovadora área de produção e suas relações com a melhoria das performances nas diversas modalidades desportivas, com exemplos da adaptação do vestuário desportivo de atletas famosos. Foi uma noite “muito esclarecedora e positiva, num dia de notícias tristes” para quem se preocupa com a ética desportiva em Portugal, constatou o presidente do Panathlon Clube de Lisboa, Manuel Brito, depois do costumado período de perguntas e respostas entre público e orador e antes deste outorgar a Hélder Rosendo o certificado de agradecimento por esta notável participação.
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