Depois da interrupção forçada pela pandemia, as sessões mensais do Panathlon Clube de Lisboa voltaram ao seu formato presencial. José Lima, coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED), Luís Sardinha, presidente da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), e Pedro Sequeira, presidente da Confederação das Associações de Treinadores de Portugal (CATP) foram os oradores convidados.

No dia 20 de maio, após o jantar que reuniu mais de duas dezenas de sócios do clube (evento habitual até ao início da pandemia), o presidente do PCL, Mário Almeida sublinhou a necessidade de debater a importância dos valores éticos no Desporto – afinal, a razão de ser do movimento Panathlon. Apresentados os oradores convidados, iniciou-se o debate, sendo o painel de oradores moderado por Duarte Lopes, da direção do clube.

Na sua intervenção, José Lima clarificou o conceito de ética à luz da exegese filosófica e reafirmou a relevância de introduzir esta disciplina na formação dirigida agentes desportivos, nomeadamente, a treinadores, a dirigentes e a árbitros. Para este responsável do PNED, a valorização dos valores éticos na atividade desportiva deve estender-se a alunos e professores envolvidos no Desporto escolar e ao Ensino Superior – “infelizmente”, constatou, “apenas 24% dos 74 cursos de Desporto em Portugal têm a deontologia ética” nos seus currículos. Esta intencionalidade norteia a atividade da equipa do PNED, divulgando a Carta Europeia que introduz esta matéria, promovendo ações de formação (cerca de duas mil já realizadas). Um prémio direcionado para a imprensa desportiva foi entretanto criado, tendo já sido atribuído à jornalista Cláudia Oliveira, de O Jogo.

Por seu lado, Luís Sardinha, recorreu à sua extensa experiência como docente universitário, para salientar a necessidade de aprofundar a investigação académica de modo a ultrapassar os dilemas que se colocam na comunidade desportiva ao nível ético, através da inovação. “A ética não pode ser um problema; a sua institucionalização deve ser uma companhia do crescimento do Desporto, indo para além do normativo”, com medidas que protejam a integridade dos atletas, órgãos vocacionados para estas questões nas organizações desportivas e experimentação em “ecossistemas mais pequenos”.

Desde que introduzida na lei de 2008 que a ética “está sempre presente na formação de treinadores”, garantiu Pedro sequeira, presidente da CATP. Não obstante, sublinhou a necessidade de reforçar essa presença nas unidades curriculares, articulando-a com as práticas reais, nomeadamente através dos comportamentos exemplares dos formadores. “Há mais bons exemplos do que maus exemplos, porque os valores éticos são inerentes ao Desporto”, sendo necessário que os agentes desportivos não se deixem condicionar pelo meio, de modo a que as “boas práticas” prevaleçam como exemplares, concluiu.

O debate que se seguiu à síntese das intervenções feita por Duarte Lopes foi, como vem sendo costume, bastante participado e rico na partilha de vivências pessoais e opiniões incisivas e esclarecedoras.